Diante da realidade encontrada pelas pesquisas em Criminologia crítica de que o sistema penal é estruturalmente montado para criminalizar as condutas dos menos poderosos e imunizar os autores dos crimes que causam os maiores danos à humanidade e ao meio ambiente, a pesquisa tem por objetivo geral analisar quais são os limites epistemológicos da criminologia para estudar o dano social, com ênfase nos crimes de massa. Ao fazer dialetizarem o abolicionismo penal e a necessidade de compreensão e prevenção das condutas socialmente danosas provocadas pelos poderosos, incluídos Estados e mercados, a pesquisa escapa da tendência punitivista míope às relações estruturais de poder político e econômico. Após a pesquisa bibliográfica inicial, que buscará a teorização a respeito dos limites epistemológicos da criminologia na compreensão e prevenção dos crimes dos poderosos, a pesquisa parte para a análise de casos específicos de danos perpetrados pelo Estado e pelos mercados, no Brasil e em outros países, nos quais seja possível construir maneiras de lidar com eles sem apelar à lógica punitiva e inútil do sistema penal. Neste amplo espectro cabem desde os discursos legitimadores das mortes provocadas pelos sistemas penais, a partir das ações policial e militar nas cidades brasileiras, até a vitimização ambiental sofrida por moradores de regiões desoladas pela poluição do solo, do ar e da água.